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‘Odoyá!’: Crenças, mistérios ; Todos querem a proteção da Mãe das Águas
Umbanda
Publicado em 02/02/2016

A festa da Mãe das Águas NÃO começou cedo no Rio Vermelho. Começou na véspera. Ainda na madrugada. Milhares de devotos matinaram na praia da Paciência ou mesmo no Largo de Santana no alvorecer da Rainha dos Rios e Oceanos.

Dinaldo dos Santos e André Uzêda

Atualizado em 2 de fevereiro de 2016 às 11:58

 

SLIDE

 

 

 

“Eu sou filho de Yemanjá. Odoyá, minha mãe”.

 

A festa da Mãe das Águas NÃO começou cedo no Rio Vermelho. Começou na véspera. Ainda na madrugada. Milhares de devotos matinaram na praia da Paciência ou mesmo no Largo de Santana no alvorecer da Rainha dos Rios e Oceanos.

 

Já pela manhã as primeiras oferendas surgiram em um horizonte de pedidos — entre desesperados e outros tantos agradecidos.

 

Soraya Martins, 50 anos, é paulista, mas já mora há alguns anos na Bahia. Ela conta que chegou às 6h da manhã no bairro. O motivo? Gratidão. O porquê dela? Não diz. “Prefiro não revelar. É coisa minha mesmo”, despista.

 

O mistério que cobre as águas se irradia pela festa. Yemanjá talvez seja uma das figuras mais circunspectas do misticismo religioso. Sua beleza de esfinge é um convite para ser devorado pelo mar turvo.

 

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Baianas dão as bênçãos aos devotos. Fotos Dinaldo dos Santos / Aratu Online

 

Se alguns se ancoram nos segredos outros tantos vão pela tradição. A aposentada Helma Pinho é natural de Feira de Santana. Mas religiosamente — com o perdão do trocadilho — vai à festa desde 1972.

 

“Vim pedir proteção a uma amiga que está com câncer. Também vim pedir por minha família e especialmente uma neta que mora longe, em São Paulo”, fala.

 

Os motivos variam. Cada um sabe exatamente onde dói. O deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), citado na Operação Lava Jato — que investiga a relação entre empreiteiras, partidos políticos e pagamento de propina — também esteve presente em louvor à Mãe Rainha. O deputado nega sua participação no esquema fraudulento, mas confessa a paixão pelo orixá líquido.

 

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Rio Vermelho tomado por devotos na festa de Yemanjá

 

“Quero muita paz e que Yemanjá ilumine a todos nós na nossa economia e principalmente na política”, afirmou.

 

Dos políticos para as ações políticas. A festa cabe todas as representações.

 

O presente da Colônia dos Pescadores do Rio Vermelho esse ano, por exemplo, é uma baleia — confeccionada por um artista plástico de fora do estado. Uma singela provocação para chamar a atenção sobre a ameça de extinção de algumas espécimes marinhas.

 

“Felizmente a Bahia não tem esse problema. Mas vários lugares têm e precisamos alertar, diz Marcos Branco, presidente da associação.

 

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Rosemberg Pinto com flores na mão em Yemanjá. Investigado na Lava Jato, veio pedir paz na política

 

A manifestação é tão singular que é possível ser experiente nela e debutar ao mesmo tempo. Duas sensações diferentes. No entanto, interligadas. O advogado João Gomes, de 38 anos, vai à Yemanjá desde os 14. Vinte e quatro anos, portanto. Sempre depositou sua oferenda direto no mar. Esse ano lhe deu alguma coisa na cabeça em cima da hora e resolveu mudar. Encarou uma fila de 30 minutos para colocar as flores no caramachão (aqui vale um verbete para você que não é iniciado na festa: o local que serve de abrigo para o depósito dos presentes).

 

“Sei lá. Me veio essa vontade e fui fazer isso. Resolvi mudar”, conta, com um par de rosas brancas e outras vermelhas nas mãos. Odyoá!

 

E se a fé é o sustento de tantos devotos, a Mãe não deixa faltar também o sustento real. O famoso ‘bambá’. Lucimário Reis de Santana, 47 anos, e sua esposa Liliane Paixão, 40, vendem flores há 15 anos na festa. São membros de uma família de vendedores de flores — de mais ou menos de 30 integrantes — que ganham a vida neste peculiar ofício. “Chegamos aqui no domingo para garantir nosso ponto”, conta ela, que vende cada flor a R$ 3,00.

 

Mas faz duas por cinco.

 

Odoyá, minha mãe!

 

FONTE> http://www.aratuonline.com.br/noticias/odyoa-crencas-misterios-devotos-e-ate-investigado-na-lava-jato-todos-querem-a-protecao-da-mae-das-aguas/

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