Oxóssi, filho de Oxalá e Iemanjá, Orixá da caça, ao qual foi dado o comando e proteção das matas e tudo que nela está, as árvores, as flores e frutos, cada animal vivente, as águas.
Hoje, o culto de Oxóssi vive no coração do Brasil, pois em sua origem, na Mãe África, quase ninguém se lembra mais dele, onde chegou a ser rei no Keto, como traz o relato de Pierre Verger. Tal foi a destruição deste povo, no século XIX, pelas tropas de Daomé, que praticamente todos os filhos de Oxossi, seus representantes temporais na Terra e consagrados a este Orixá, foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba. Oxóssi basicamente não é mais cultuado na África, mas é amplamente prestigiado no Brasil, pelos seus numerosos filhos encarnados.
Assim sendo, Oxóssi para nós é identificado com aquele que mais representa nossas matas, e nos terreiros, ele vem em terra através de seus falangeiros, com a vestimenta fluídica do índio, embora todos saibamos que podem ser espíritos do antigo Oriente, de médicos, cientistas e outros voltados à cura e à expansão do raciocínio, apresentando a aparência de indígena.
Alguns destes espíritos foram realmente índios, com a alma em evolução e que se dispõem a ajudar na linha da Umbanda, pela Fé e a Caridade. Alguns eram da mata virgem e intocada, e tem o comportamento mais rude, sendo chamados de bugres, não menos importantes e fortes na missão de sustentar os filhos do seu Orixá, e desfazer demandas e feitiços.
Oxossi é austeridade, é despojamento, é comportamento solitário na maior parte do tempo, seus falangeiros que chegam como caboclos, vêm auxiliar na caridade do dia a dia, sustentando os encarnados doentes de alma e corpo, restaurando-lhes a saúde e o equilíbrio. Eles ainda tem um importante papel nas giras de Umbanda, auxiliando no desenvolvimento mediúnico dos médiuns, nas curas e desobsessões, ajudam a trazer soluções para problemas psíquicos e materiais.
Utilizam instrumentos mágicos com os quais trabalham, que são os charutos, velas, ervas, água, flores e frutos, o estalar dos dedos, os assobios, que transmutam em energia para dispersar emanações pesadas e poluídas, vindas de doenças físicas, ou maus pensamentos dos assistentes, os quais vem pedir auxílio.
Se estivermos diante de uma mata, antes de entrar, devemos pedir licença aos espíritos ancestrais que ali vivem há muito tempo, assim como os elementais que ajudam a vivificá-la. No entanto, embora a Força de Oxóssi esteja presente, não estão ali todos os caboclos que se apresentam nas giras dos terreiros. Pois sendo espíritos de Luz, na verdade eles se situam nas Cidades Espirituais do Astral, ou em missão de acordo com os desígnios para fazer a Caridade onde quer que precisem ir.
Não devemos esquecer que foi um Caboclo, o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio de Moraes, que veio anunciar para nós, em 15 de novembro de 1908, aquela que é o refrigério, conforto e amparo para nossos corações, a Amada Umbanda. Talvez muita gente não saiba, mas antes dele, em 1893, um precursor do Caboclo das Sete Encruzilhadas, já se manifestava. Era o Caboclo Curuguçu, antigo mago negro que abandonou as práticas sombrias e conseguiu atingir a Luz. Por quinze anos se manifestou nos candomblés, batuques, cultos de nações e da jurema, em terreiros nagôs, gegês, Congo e Angola. Este caboclo veio com grande sacrifício, preparar o terreno para a chegada do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
O Caboclo Curuguçu (ou Curugussu) afirmava ser da raça vermelha pura. Alguns consideram a raça vermelha (como os peles-vermelhas do continente norte-americano) descendentes dos antigos atlantes, e daí relacionados ao Planeta Capela, e demonstrou ter grande evolução espiritual. Mas isto é outra história, até porque o Cabolo Curuguçu vinha através da linha do Orixá Ogum, assim como o elevado espírito que se apresentava como Caboclo das Sete Encruzilhadas. Mas hoje estamos escrevendo sobre o Orixá Oxóssi, e vamos finalizando.
Vamos lembrar então do Caboclo Mirim, que trabalhou quase 60 anos junto ao médium Benjamim Figueiredo, representando a força de Oxóssi, com um trabalho ininterrupto de Caridade e Amor. A Tenda Mirim comportava até 2000 médiuns, e atualmente há várias filiais espalhadas, mantendo os preceitos designados pelo seu mentor.
Que a força de Oxóssi, que permeia a seiva das árvores, o aroma das flores, as sementes dos frutos, o canto dos pássaros, a terra e o pedregulho à beira d’água, o encanto e o silêncio da mata, entrecortada pelos raios do sol e da lua, vivifique em plenitude em cada coração, em cada filho que quer seguir o caminho da Lei Divina. Que a mente, o corpo e o espírito se fortaleçam, se curem de quaisquer mazelas, se livrem de toda quizila, e que o Senhor Oxóssi se manifeste em cada coração todos os dia, conduzindo sua racionalidade, o seu equilíbrio, a sua firmeza e a sua Paz onde quer que seus filhos tenham de caminhar.
Salve, Senhor das Matas! Salve Senhor Oxossi! Okê ar!!!
Alex de Oxóssi
Rio Bonito – RJ
FONTE> http://www.povodearuanda.com.br/umbanda/e-dia-de-oxossi/