Sacolinha cheia de doces para a criançada. Essa é uma imagem comum no dia 27 de setembro, pois nesta data as religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, comemoram o dia de Cosme e Damião.
A história dos gêmeos médicos que curavam sem cobrar já existe há quase dois mil anos e sobrevive em forma de fé. Os doces são distribuídos para manter a bondade e a caridade dos irmãos.
Por difundir a fé em Cristo enquanto curavam, Cosme e Damião foram perseguidos e mortos pelo imperador romano Deocleciano, no dia 27 de setembro. Não se sabe ao certo o ano em que isso aconteceu, mas sabe-se que foi por volta do ano 300.
Os portugueses trouxeram para o Brasil suas crenças e santos e foi assim que a devoção por Cosme e Damião chegou por aqui. Com a chegada dos negros, as religiões africanas também foram trazidas. E a fusão de crenças nativas, europeias e africanas fez surgir o sincretismo e a reinterpretação de elementos.
Dessa forma, as religiões de matrizes africanas passaram a associar seus deuses aos santos e santas católicos, muitas vezes como forma de manter seus cultos que eram reprimidos. Para algumas dessas religiões, Cosme e Damião, passaram a representar os orixás Ibejis, que eram divindades africanas. Assim como os santos católicos, os Ibejis eram irmãos gêmeos que resolviam os problemas levados a eles. Em agradecimento, eles recebiam brinquedos e doces.
Nas religiões de matriz africana, algumas imagens de Cosme e Damião tem uma terceira criança menor entre os gêmeos. Trata-se do Doum. Várias lendas explicam quem é a terceira criança. Uma delas conta que Cosme, Damião e Doum eram trigêmeos e que com a morte de Doum os outros irmãos se tornaram médicos para curar a todas as crianças, sempre de forma gratuita. Doum é considerado o protetor das crianças até sete anos de idade.
Diferente das religiões de matrizes africanas, a religião católica comemora a data dos gêmeos em 26 de setembro. Cosme e Damião, além de protetores das crianças e dos gêmeos, também são considerados patronos dos médicos e dos farmacêuticos.