Procurei muito tempo
por uma palavra
que fosse tão precisa
a ponto de me curar.
Não encontrei palavra
mas encontrei amiga
em uma alma bendita
que me fez calar
diante de qualquer problema.
Alma tão vivida
outrora tão sofrida
que exalava alfazema
e perfume de amor.
Não tinha mais feridas
todas as marcas combatidas
tornaram-se em um jarrinho ao seu lado
suntuosa e branca flor.
Seus olhos marejados
exibiam a pupila negra, do negro navio
que em outros tempos a navegou.
Mas a alma sabiamente
disse que não gritava mais,
que já passara por coisas suficientes
para saber das palavras o valor.
Que palavras então eu diria
que não fossem tão pequenas
diante daquela singela e humilde imensidão?
Por entre o cachimbo, a alma me sorriu
entendeu que precisava de ajuda
secou minhas lágrimas com arruda
e desenhou com a pemba
uma cruz em minha mão.
Sem dizer mais nada
a alma me abraçou
e ali encontrei a cura
pra qualquer que fosse mesmo
aquilo que eu já nem lembrava mais
mas antes achava não ter solução.
"Zifio, não esperneie
a calma pra tudo é saída.
Se forte é a chibatada
mais forte seja a tua fé na vida."
Texto: Thais de Oyá